quarta-feira, 3 de junho de 2009

Underground


Durante uma conversa de msn com uma amiga lembrei de algo que havia começado a escrever e resolvi continuar, era pra ser um texto sobre o “underground” de pelotas e os seres pitorescos que o habitam, mas acabou tomando outros rumos...

Desde novo comecei a freqüentar os locais alternativos, o “lado negro da força”, sim, eu era/sou um desses “de preto” ou se preferirem um desses “urubus”, que vagam pela noite pelotense. Sempre criticados, mal vistos pelos mais velhos “Deus me livre meu filho andando com aquela gente”, mas mesmo com tudo e todos contra, cresci nesse meio e o freqüento até hoje, e o admiro, pois não é apenas um estilo musical ou um estilo de se vestir, é um estilo de vida, um estilo de vida na contramão da normalidade.
Não são apenas adolescentes rebeldes e drogados, são pessoas de todas as idades, profissões, raças e classes sociais, misturadas, unidas, conversando, rindo, compartilhando copos e pensamentos. Sinto-me bem no Porto, no Mafuá, num festival, pois sei que não impera o cinismo, todos estão lá pela diversão, e lá as pessoas se respeitam de verdade, homens respeitam mulheres, mulheres respeitam homens, todos se respeitam, brigas e discussões são fatos raros, muito mais raros que em uma festa para “pessoas normais”, e quando acontecem, normalmente são protagonizadas por pessoas de fora, talvez não adaptadas ao ideal.
Não está nos meus planos ter filhos, mas se eu os tiver que eles sejam "do mal", escutem rock n’ roll ao invés de bonde do forró, sejam ateus ao invés de fanáticos religiosos, aprendam conceitos de respeito ao invés de serem playboys brigões, vaguem na noite de preto, bebam, cresçam com seus erros e com os dos outros, tenham amigos de verdade e acima de tudo tenham experiência de vida, foi assim que me criei e não mudaria nada nesta trajetória.
Sou Cabeludo, barbudo e ando de preto, sou constantemente rotulado e dou risada desse preconceito, pois sei que mesmo que eu fique careca, faça a barba, vire um pai de família, um avô, um velhinho aposentado, vou carregar dentro de mim este espírito alternativo, este jeito de ver o mundo, isto é minha vida! Azar que um dia me chamem de vovô rock n’ roll...